Cascavel
A cobra cascavel, Crotalus durissus, é uma espécie de serpente peçonhenta neotropical conhecida por seu chocalho na ponta da cauda, robusta e de médio porte, alcançando cerca de 1,6 m de comprimento. Sua dieta é composta, principalmente, por roedores, mas inclui também lagartos (Argaez, 2012). A C. d. terrificus endêmica do Brasil apresenta uma peçonha com forte atividade letal e miotóxica, com grandes quantidades do complexo neurotóxico crotoxina, e fracos efeitos proteolíticos, hemorrágicos e formadores de edema, semelhantes aos recém-nascidos de C. d. durissus (Gutiérrez et al. 1991) e, em caso de acidentes, o antiveneno do Instituto Butantan apresenta títulos de anticorpos anticrotoxina muito maior em comparação com outro instituto, sendo mais eficiente (Saravia et al. 2002). É a espécie que mais causa óbito em acidentes ofídicos no Brasil (Ministério da Saúde, 2019), especialmente por insuficiência renal aguda (Pinho, Zanetta & Burdmann, 2005) e sua presença é favorecida pelas atividades humanas que, além do aumento de roedores fornecendo abundância alimentar, promove a dispersão desta cobra facilitada por áreas abertas de pastagens criadas após desmatamentos (Bastos, Araujo & Silva, 2005), remontando bem o cenário pleistocênico, do processo de especiação vicariante na floresta amazônica a exemplo de espécies não florestais como a cascavel neotropical em sua expansão para o sul do continente (Wüster et al. 2005).
Argaez, M. A. H. (2012). A cascavel neotropical Crotalus durissus: uma abordagem morfológica e da historia natural em populações do Brasil (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo).
Bastos, E. G. D. M., de Araújo, A. F., & Silva, H. R. D. (2005). Records of the rattlesnakes Crotalus durissus terrificus (Laurenti)(Serpentes, Viperidae) in the State of Rio de Janeiro, Brazil: a possible case of invasion facilitated by deforestation. Revista Brasileira de Zoologia, 22(3), 812-815. https://doi.org/10.1590/S0101-81752005000300047
Gutiérrez, JM, Dos Santos, MC, de Fatima Furtado, M., & Rojas, G. (1991). Similaridades bioquímicas e farmacológicas entre os venenos de Crotalus durissus durissus recém-nascido e cascavéis Crotalus durissus terrificus adultas. Toxicon , 29 (10), 1273-1277.https://doi.org/10.1016/0041-0101(91)90201-2
Pinho, FM, Zanetta, DM, & Burdmann, EA (2005). Insuficiência renal aguda após picada de cobra de Crotalus durissus: um estudo prospectivo em 100 pacientes. Kidney international , 67 (2), 659-667.https://doi.org/10.1111/j.1523-1755.2005.67122.x.
Saravia, P., Rojas, E., Arce, V., Guevara, C., López, JC, Chaves, E., ... & Gutiérrez, JM (2002). Variabilidade geográfica e ontogênica no veneno da cascavel neotropical Crotalus durissus: implicações fisiopatológicas e terapêuticas. Revista de biología tropical , 337-346. https://revistas.ucr.ac.cr/index.php/rbt/article/view/16293
Ministério da Saúde (2019). http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/animaisbr.def
Wüster W, Ferguson JE, Quijada-Mascareñas JA, Pook CE, Salomão MG, Thorpe RS. 2005. Traçando uma invasão: pontes terrestres, refúgios e a filogeografia da cascavel neotropical (Serpentes: Viperidae: Crotalus durissus ). Molecular Ecology 14: 1095-1108. https://web.archive.org/web/20160815195351/https://dl.dropboxusercontent.com/u/35959689/Publications/2005_Crotalus_durissus_MolEcol.pdf